Wednesday, June 20, 2007

Abraçou-o com toda a sua intensidade. Seu coração batia forte e seu corpo tremia, evidencando seu nervosismo e a importância daquele momento para ela. Ele não pôde deixar de sentir seu pulsar forte e viu o quanto o nervosismo a atingia. Sentiu-se confortada, amada, desejada, feliz por alguns instantes. Seu coração se aqueceu, se encheu de um sentimento nobre, que contagiou sua alma em alguns instantes... seria vida?

Ela pediu para aqueles momentos não terminarem jamais... Mas o tempo não perdoa. Ele se foi. ficou apenas o cheiro, o gosto, a lembrança daqueles minutos únicos. Sorria desesperadamente, sem saber por que estava sorrindo. Achava-se estranha, bizarra por estar feliz. Como podia?

Precisava se olhar, ver o brilho que se hospedara em seus olhos! Correu para diante do espelho mais próximo. Impressionante, logo o espelho, de quem ela sempre fugira... Era verdade. Seus olhos pareciam duas velas que voltaram a acender-se, cheias de esperança e vigor... ela estava viva!

Voltou ao encontro do seu amigo e, no caminho de volta, viu o ser que pusera o brilho em seus olhos depositando o mesmo brilho nos olhos de outro. Nesse instante, a chama, que até então se mantivera viva, estava se apagando, talvez porque tenha sido molhada com a tímida lágrima que caiu dos olhos, agora já apagados. Percebeu que mais uma vez caíra nos sonhos vãos de sua eterna carência e da sua inocência boba. O mundo não a ama. A vida não esquece de lhe dar seu sofrimento diário. O destino a quer seca, sozinha, falecendo aos poucos no seu mundo imaginário, bizarro, escuro, frio, sujo, de onde ela nunca vai sair.

Todas as coisas boas que ela sentiu por alguns instantes, alguns minutos, alguns segundos, todo o encanto, toda a cor, toda a vida, saltaram dos seus olhos e tomaram de conta do outro ser, felizardo, escolhido, especial. Sentiu seu coração chorar. Mas, o que poderia fazer pelo seu coração, se ela mesma estava chorando e morrendo aos poucos? Restava deixar tudo aquilo para trás e partir de volta para seu mundo imaginário, bizarro, assustador.

Monday, June 11, 2007

Ele a abraçou com toda a força do seu desejo. Sua pele ardia, implorava por algo mais. Ela, embriagada pelas lembranças e fantasmas do passado, simplesmente deixou-se abraçar, indiferente, embora seu corpo estivesse ardendo em meio àquelas gotas de desejo que tocavam sua pele. Sentiu seu corpo tremer ao sentir aquelas mãos grandes e firmes a abraçarem. A lua, imponente, saia de dentro do mar como uma mãe da a luz ao seu filho e, aos poucos, ia tecendo nas águas uma trilha prateada. A lua sempre a encantava.

Sentiu-se desejada, cobiçada, inatingível, inalcançável. Ela, assim como a lua, tornara-se causadora de suspiros. Mas os tais fantasmas insistiam em assombrá-la. Por que? Como pode alguém que nesse instante está tão distante atormentar seu mundo a ponto de tornar aquele momento tão sublime um pesadelo tão assustador quanto aos que tinha quando criança? Ela buscava respostas para essas questões, talvez até mesmo para o motivo de sua existência, enquanto ele continuava a conhecê-la como ninguém o havia feito, imerso em um poço de sensações.

Sim, seu corpo ardia como madeira plenamente acesa, que abrasava conforme o vento frio vindo do mar a tocava. Mas seu espírito não estava ali. Voara para longe, ao encontro do homem que se tornara dono dos seus sonhos, das suas noites, das suas lágrimas. Seu corpo, naquele momento, pertencia àquele ser cheio de libido, ardente em desejo, mas sua alma estava selada, trancada em um universo de onde jamais sairia, a não ser ao encontro de seu dono.

Nesse instante, perguntou-se porque se sentia assim. Como podia ela esperar e até mesmo entregar sua eternidade a um ser que jamais conheceria? Talvez ela jamais encontrasse respostas às suas indagações, a não ser as tímidas lágrimas que caíram, como uma fonte que nascia no mundo imaginário onde se escondia sua alma. Como resposta à pergunta feita pelo ser ardente em desejo que a possuíra como um faminto devora um pedaço de pão, um momento de silêncio. Um olhar fixo na trilha prateada, desenhada pela lua imponente sobre as águas profundas, infinitas, misteriosas, por onde ela sempre desejou caminhar, rumo a um destino desconhecido, como a mulher ali deitada. Sim, a lua sempre a encantava.

Friday, June 8, 2007

Noite quente, calor, suspiros, lembranças. A lua resolve se esconder, numa tentativa de se esquivar do testemunho da sofreguidão humana, e o vento soprar por sobre as águas do mar, distantes dali. Uma mistura de bucolismo e melancolia. No quarto, ali está ela, a esperar as palavras certas, como uma criança anseia um presente no Natal. O papel em branco à sua frente, pronto para receber o vendaval de sentimentos que está preste a sair.

Ao fundo, o rádio cansado de libertar palavras bonitas e, talvez, de escutar, sempre silencioso, seus sussurros agoniados em direção ao nada que inundam seu universo de quatro paredes. Ou talvez, quem sabe, seu universo fosse bem maior do que aquele resumido cárcere de portas abertas? Há flores em tudo o que vejo. Perguntas.

Aos poucos, o universo branco, até então intocado, foi-se preenchendo com amores, ódios, rancores, prazeres, em um ritual sublime no qual tudo parecia síncrono, onde as palavras dançavam ao som da gasta caneta, impelida pela mão delicada, que ostenta a amarga medalha da melancolia nas cicatrizes nos pulsos.

O papel estava, finalmente, repleto de flores, das suas flores. Mas flores de plástico não morrem! Por que, então, as suas estavam morrendo? Para quem ela escrevia? Perguntas.

Flores têm cheiro de morte, e são mais perfumadas quando estão morrendo, pensou. Estaria ela, então morrendo? Isso porque flores morrem para que outras nasçam, talvez mais bonitas. Sim, o papel, agora vermelho-sangue, exalava o suave perfume da morte. Flores de plástico renascem? Perguntas.

Wednesday, June 6, 2007

SETE ANDARES

Aqui, na varanda da minha casa, observo a noite se aproximar de forma tímida, mas sempre sublime e imponente, com seu ar saudoso, arrastando pelo céu seus longos cabelos negros ornamentados com estrelas, numa cerimônia cotidiana de embelezamento e mistificação.

Com ela, chegam os receios e autodesprezos costumeiros que insistem em assombrar cada vão deste meu mundo. Lá embaixo, a cidade começa a se iluminar. Os carros, cheios de fúria, acendem seus faróis, como tochas de fogo incendiando as ruas, numa batalha sangrenta que se repete todos os dias.

Descendo três quarteirões da rua, ouço as ondas quebrando nas pedras e logo me vem às narinas o cheiro do mar, o único vestígio de natureza que encontro ao observar o que circunda meu castelo de concreto que fica a sete andares de altura.

Encontro-me sozinha, sepultada a sete andares, sete chaves, sete palmos. Comigo, foram selados todo o vigor e vanguardismo que um dia tomaram conta deste túmulo que fica mais perto do céu. Sim, estou sete vezes mais perto do céu do que todos os vivos.

Aqui, o silêncio reina absoluto como um ditador implacável, e seu autoritarismo só é quebrado com o desespero das buzinas dos carros, o movimento contínuo das ondas sobre as pedras e a morbidez dos meus pensamentos. Talvez este último seja o mais transgressor e mais incômodo dos revolucionários.

Levanto os olhos e vejo na floresta de prédios que me cerca muitos outros pontos de luz nas janelas ao longe. Será que, como eu, existem mais sepultados que parasitam um pouco da vida e do cheiro de caos que invadem suas lápides? Será que o desejo de fugir deste cemitério gigantesco e voar em direção ao desconhecido também lateja em suas mentes? Minhas interrogações são maiores que minhas ações.

Aqui, na varanda da minha casa, a sete andares, sete palmos, sete chaves, sete dias, assisto, inerte, o espetáculo repetitivo que tem a vida como protagonista, a qual deserda de felicidade a tantos quanto eu anseiam ter asas, para, finalmente, abandonar o cárcere de pedra onde estão aprisionados.

Sunday, June 3, 2007

A Cerejeira

Dia letárgico, onde muito se tem a fazer e pouco se quer...
Rsolvi então postar um texto meio antigo que escrevi, mas extremamente cíclico, que vez ou outra me define perfeitamente [como hoje].

A CEREJEIRA

Aos pés da grande cerejeira, ela já sorriu, chorou, sonhou, planejou, amou, odiou, numa quimera perfeita, açulada pelo vento do fim da tarde, que acaricia seus cabelos longos e negros e leva consigo as folhas secas e as flores com cheiro de lágrima. Um altar inviolável, onde repousam suas memórias e estão enterradas suas aspirações, que é contemplado como uma sinfonia com ar funesto.

Aos pés da grande cerejeira, ela deitou na grama e sentiu a umidade da terra tocar sua pele descorada. Sentiu vida! Talvez fosse a sua vida, ali muitas vezes deixada. Sim, aquilo era vida! Aquele lugar, como tantas outras vezes, oferecia às suas enfermidades um elixir divinal, capaz de transformar as úlceras em cicatrizes, tais quais as marcas de canivete estampadas no tronco da grande cerejeira. Nisso, elas tinham muito em comum.

Hoje, aos pés da grande cerejeira, ela se despiu de si e se vestiu da luz do fim da tarde, que driblava os galhos das árvores e tocava seu rosto, num singular ritual de magia branca, que tinha como louvor sacro o canto do casal de pássaros que ali pousara. Uma canção terna, maternal, que só ela compreendia, como na sua época de criança, quando passava as tardes ali, deitada, sonhando com o dia em que voaria para longe. Sua seiva corria por entre as veias conforme seu coração pulsava, e isso a tornava humana.

Ali, aos pés da grande cerejeira, ela se sente voltando ao útero para, mais uma vez, brotar do chão num ato milagroso de regeneração. Por que ela se sente assim? Não se sabe. Uma tentativa de entrar, mais uma vez, em seu esplendoroso mundo imaginário? Talvez. Importa que, hoje, ao levantar da grama e voltar para casa, ela trouxe consigo um embrião de contentamento, um acanhado sorriso e uma paisagem que só ali ela encontra.


Saturday, June 2, 2007

I Love Funk - FMF 2007

"...o desfile dos estudantes do curso de Estilismo e Moda da UFC Marleudo Costa e Natália Azevedo veio carregado de irreverência, criatividade e muita, muita cor, abrilhantando o último dia de desfiles da 26ª edição do FMF. Misturas de estampas e padronagens deram um ar descontraído aos looks, embalados por um funk "americanizado", num ar 'Barbie vai ao pancadão', como o próprio estudante definiu. Compondo os looks, acessórios hipercoloridos, num mix de tons cítricos e quentes. Minicoroas ainda foram uma constante na passarela. Tudo pra mostrar que funk pode ser glamour sim! Sem dúvida o melhor desfile da noite. A dupla promete nos próximos capítulos no cenário fashionista local..."


Bom, esse foi um dos muitos comentários positivos acerca do nosso último trabalho... Fico muito feliz com o retorno positivo de tanto trabalho e dedicação. Sucesso a vocês.
E, quanto aos que não gostaram, fico feliz por vocês também existirem, pois é com as críticas que vocês nos dedicam que aperfeiçoamos nosso trabalho. Sucesso a vocês também.
Beijos a todos e um ótimo fim de semana.